sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Um estudo rápido sobre a Fotografia: Antônio Gaudério


Antônio Carlos Matos dos Santos (Ijuí RS 1958). Fotojornalista. No início da década de 1980, inicia estudos em arquitetura, que abandona para dedicar-se ao fotojornalismo. Em Florianópolis, colabora com o Diário Catarinense, até que se muda para São Paulo, onde passa a colaborar com as revistas IstoÉ e Veja São Paulo. Em 1989, integra a equipe de fotojornalistas do jornal Folha de S. Paulo, realizando reportagens premiadas, como a investigação sobre prostituição infantil em Manaus e a infiltração no sistema de tráfico de mão-de-obra boliviana, que alimenta a cadeia têxtil de São Paulo. Pela sequência fotográfica Crise na Saúde, recebe, em 1993, o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Pelo mesmo prêmio, recebe menção honrosa pelas sequências fotográficas Privatização Embraer e Infância Roubada, em 1995 e 1998, respectivamente. Recebe o Prêmio Folha de Fotojornalismo por duas vezes, em 1996 e 2007. Publica, em 1998, os livros Viagem ao País do Futebol, pela editora DBA, e Brasil Bom de Bola, pela editora Tempo d'Imagem. Em 2008, sofre grave acidente doméstico, uma queda na casa de sua irmã, no Rio de Janeiro, que o afasta da fotografia e de sua rotina junto à Folha de S. Paulo.

         A fotografia de Antonio Gaudério é documento e denúncia. Tais propriedades estão contidas em toda sua trajetória e podem ser observadas em sequências fotográficas como Crise na Saúde, publicada na Folha de S. Paulo em maio de 1993, onde três fotografias mostram o momento em que um grupo de policiais abandona um homem no chão de uma sala de um pronto-socorro da Rede Pública Hospitalar. As imagens denunciam a precariedade dos sistemas de segurança e saúde brasileiros. Ou, em Infância Roubada, publicada no mesmo jornal em maio de 1998, que apresenta seis fotografias que narram a história de crianças que trabalham no garimpo, em Rondônia, e têm seu direito à infância usurpado. Em cinco fotos, vêem-se crianças que chacoalham peneiras e transportam pesados sacos, em um cenário onde a terra é vermelha, devido à quantidade de minério de ferro; e na última, aparecem sorridentes, sentadas em carteiras, à espera da aula, após uma intensa jornada de trabalho.
        O fotojornalista realiza imagens em que o próprio corpo se transforma em instrumento de documentação e denúncia, como na reportagem onde se infiltra no sistema de tráfico de mão-de-obra boliviana, que alimenta a cadeia têxtil em São Paulo. Para isso, Gaudério se arma apenas de um celular com câmera e viaja à Bolívia, a fim de acompanhar, e mesmo que precariamente, registrar, o percurso e as motivações de um povo, que se desloca de sua terra à uma terra estrangeira, para trabalhar em troca de comida e moradia, ou no máximo, por alguns centavos por hora.


Crianças durante a Festa do Reinado de Nossa Senhora - Quilombo dos Kalungos, Vão de Almas GO , 1995

Casamento no Quilombo dos Kalungas, Vão de Almas GO , 1995


Local da Festa do Reinado de Nossa Senhora - Quilombo dos Kalungas, Vão de Almas GO , 1995 


Fuga do Hospital Tatuapé, 1992



Nenhum comentário:

Postar um comentário